Livros, melhor não lê-los, mas...

Eu detesto começar a ler um livro. Qualquer livro. Eu demoro para ir com a cara das personagens, levo um tempão para introjetar o enredo, passo uma eternidade até me imiscuir da trama. É um porre começar a ler um livro.
Creio, sinceramente, que ler livros é coisa de masoquista. Como fumar cigarro. Eu tentei fumar algumas vezes e achei uma droga (no pun intended). Mas há pessoas que apesar dos acessos de tosse, do mal-estar e da ânsia que as primeiras tragadas provocam são tenazes o bastante para insistirem naquilo até se viciarem.
Acho que sou assim com livros, só que começar um novo nunca é fácil para mim como – e aqui eu estou supondo – é para quem se viciou em cigarro. Eu sou teimoso e masoch, isso sim. Assim, apesar da imensa dificuldade que sinto em iniciar a leitura, eu vou até o fim. E geralmente o sofrimento vira prazer (“Definição de masoquismo, dãã...”, pensou aquela mocinha primeiranista de Psicologia na UNIP Jaboticabal. É você mesmo; eu sei que você pensou isso, tá?).
Mas tem uma coisa muito pior do que começar a ler um livro: chegar ao fim de um livro de que você gostou. Tem coisa mais angustiante?

Acabei de ler dois livros ótimos que mexeram comigo: “Ratos e Homens”, de John Steinbeck, e “Mãos de Cavalo”, de Daniel Galera.

Canalhas! Agora cá fico eu, sentindo aquele apertinho no fundo do peito, aquele mal-estarzinho nostálgico. Fico com a sensação que para curar isso tudo que tenho a fazer é começar outro livro. Tipo assim, a receita pra não ter ressaca é não parar de beber, certo? “Hair of the dog”, né não? Mas daí caio naquilo tudo que escrevi aí em cima.
Malditos escritores bons. Canalhas, repito.