"Something there is that doesn't love a wall,
That wants it down. I could say 'Elves' to him."
Robert Frost
Existe realmente alguma entidade que odeia divisórias.
Um ser sobrenatural, uma força superior que não aceita barreiras entre humanos.
Minha casa tem um muro divisório com meu vizinho.
Ambos - eu por meu lado, ele pelo dele - tentamos consertar há mais de ano uma rachadura que insiste em abrir um vão mágico, um portal que une dois universos sincrônicos, mas bem diferentes.
Já tentamos reforçar com barras de ferro, com uma manta metálica especial, com concreto, etc. e nada de a rachadura se comportar: dois meses depois, lá está ela, permitindo que um vislumbre o jardim do outro.
Se eu fosse poeta, romântico, sociável ou otimista, veria nisso uma dica do destino para que eu e meu vizinho nos tornássemos amigos, tendo aquele buraco como fiador de nossa amizade, como ponte unindo fortalezas aliadas.
Mas, como no ditado americano incluso no poema de Robert Frost, eu acredito que "good fences make good neighbors"; vizinho bom é vizinho distante. Não que o meu seja chato, inconveniente, barulhento, nada disso. Muito pelo contrário: o cara é gente fina, sempre disposto a ajudar, sempre amigável. Nesta relação geminada, o chato, inconveniente e barulhento sou eu. Estou certo disso.
"Existe alguma coisa que detesta muros", eis uma verdade universal, comprovável logo na entrada de minha casa, e que não me deixa esquecer de que tenho um vizinho legal, apesar de ele talvez não poder dizer o mesmo.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário