14/04/2005

Negro, branco, grafite e diamante

Eu assistia ao jogo São Paulo x Quilmes e vi o argentino ser preso. Achei muito certo e merecido, mas mais por ele ser um jogador argentino do que exatamente pelas ofensas racistas, que, óbvio, são deprimentes. É feio, feio, ser racista, todos concordamos. E antes que digam alguma coisa, "jogador argentino" não é raça. Combinado? Preciso dizer que não tenho nada contra o povo argentino? Não, né? Então prossigo.
Bem, eu (assim como a torcida do Flamengo, digo, do São Paulo) acho muito certa a atitude do Grafite: ele agüentou uma, duas, três... na centésima quarta vez ele deu um basta. Quer dizer, o cara até que foi ponderado. Segundo ele mesmo, ele achava que as provocações eram coisa do "calor da partida" (sic), mas tudo tem limite, né?
Eu digo provocações e não xingamentos por uma razão boba, idiossincrática mesmo, coisa tola minha: eu tenho receio de concordar que "negro" seja um palavrão. "Ah, mas teve o tom de ofensa!" Sim, eu sei, tá legal, mas eu acho perigoso. Não sei, me parece ter um fundo racista em dizer que "negro" seja xingamento. Coisa minha, coisa boba. Ademais não foi só disso que o arghgentino o chamou. Teve coisas piores, xingamentos realmente racistas.
"Negro" não deveria ser considerado xingamento. Ninguém se ofende de ser chamado de "branco", não é? A diferença é só de extremos na absorção de luz, só isso. É tudo a mesma coisa boba.
E tem mais, devido a sua atitude comedida e ponderada (ele tentou relevar várias vezes), eu tenho a impressão de que o jogador são-paulino concordaria comigo. Afinal, enquanto eu via aquela bagunça toda em campo, uma coisa não me saía da cabeça: o jogador brasileiro ofendido tem o apelido de Grafite.
E de grafite para diamante também é só uma questão de arranjo molecular: é tudo carbono.
Resumindo, somos todos seres humanos, à exceção de certos jogadores argentinos, que têm uma classificação à parte.

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