Assisti a “Zatoichi”, de Takeshi Kitano, ontem à noite e dei muitas risadas. O filme é uma óbvia homenagem aos faroestes e a Akira Kurosawa da fase anos 60, a de filmes como “Yojimbo” (este filme, aliás, foi plagiado pelo Sergio Leone em “Por Um Punhado de Dólares”, bem como “The Magnificent Seven”, de John Sturges, é plágio de “Os Sete Samurais”, mas divago).
Bem, eu digo que é uma homenagem aos “bangue-bangues” porque até a trilha sonora usa daquele expediente muito bem sacado pelo Elmer Bernstein (que fez a trilha sonora de “The Magnificent Seven”) de usar o som ambiente (cata-vento girando, pingos d’água, o bater de pés impacientes, etc.) para criar um ritmo de fundo, uma “música natural”. Então, vemos o “comic relief” dos batedores de arroz no campo fazendo exatamente isso: música incidental. Muito legal. Sem falar no sapateado da cena final, brilhantemente cômico.
Já o enredo do filme é praticamente idêntico a “Yojimbo”. Forasteiro chega a cidade, pede abrigo, descobre que a cidade é comandada por gangues rivais, resolve lidar com a situação e encontra um inimigo à altura. A diferença é que não fica tão óbvio se o cego é um “ronin” (um samurai sem mestre, um errante que trabalha para quem pagar mais).
Quanto às cenas de luta de espadas, elas são minimalistas em comparação com a safra recente de filmes com espadachins em que as lutas demoram bastante e são supercoreografadas e complicadas. Em “Zatoichi” não tem isso não: o espadachim cego (isso mesmo) termina as pelejas com praticamente só um golpe. Isso é outra inovação, pois geralmente vemos um ataque (geralmente do bandido) seguido por um contra-ataque (mocinho) que invariavelmente resolve a parada (nem que tenha de haver várias repetições desse binômio). O cego massagista e espadachim (é isso mesmo) ataca sem frescura, sem chance para o adversário. Muito legal.
Pena que o excesso de situações engraçadinhas atrapalhem um pouco o andamento do filme. Se não me engano, no “Yojimbo” de Kurosawa a comicidade cabia a um bêbado amigo do ronin. Já em “Zatoichi” temos: os batedores de arroz, as gueixas assassinas (irmão travesti e irmã vingativa), o jogador compulsivo, o retardado que deseja ser samurai, etc. Enfim, parece um Quentin Tarantino, coisa digna de “Kill Bill” (que, diga-se, deve ter se inspirado nesse filme).
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